Depois de muito tempo...E que venha a tinta

Vou postar algo!
Agora que acabou toda aquela sensação nojenta de ser um aluno de terceiro ano, pré-vestibulando, e que acha que sabe tudo o que quer da vida, e acha que é tudo, menos aquilo que tem. É,depois de 3 anos na luta, PASsei pra Artes Plásticas na UnB. Finalmente consigo botar as idéias pra fora (aos poucos).
Posso falar sobre o que foi minha experiência nesses 3 anos de vida escolar. Nada de mais; você entra no 1º ano com toda aquela expectativa de zomg-amigos-bebida-coisa-nova-sou-adulto-agora! Se você já passou por essa fase, lembra como era olhar praqueles alunos "grandes" do 3º ano na sala da frente, e se sentir pelo menos um pouco intimidado,achando que algo muito importante devia acontecer nas aulas deles todos os dias, diferente da várzea que eram as suas. Aí tem o seu primeiro porre no churrasquinho da sala, vomita na grama na frente de todos os seus coleguinhas de sala,todos,claro,muuuito maduros (tanto quanto você se achava na hora que misturou cerveja com vodka e virou de uma vez...). Você quase não estuda(se estuda), e sempre dá pra passar nas matérias. Você tem os professores que acham que piadinhas gays são a coisa mais legal do mundo. Você tem os coleguinhas machos que adoram passar a mão na perna uns dos outros (ah,você não teve? Eu tive...)! É,é um ano como outro qualquer, você só acha que cresceu, mas da oitava pra cá não mudou lá muita coisa,até que...
Chega o segundo ano! Caralho! Você já sabe todos os anagramas da palavra VESTIBULAR, de trás pra frente e de ponta cabeça, e ainda faltam 2 anos pra fazer a prova...Mas vamos lá: os professores começam a pegar mais no seu pé pra que VOCÊ resolta todos os exercícios e tarefas sozinho. É,eles querem que você tenha sua rotina organizada, anote numa tabelinha até que horas você vai no banheiro,pra não atrasar os estudos das 5 matérias que você teve naquela manhã. Nada contra quem se dá bem com esse método; mas eu,particularmente, sempre preferi fazer meus horários quando eu quisesse,se tinha algo pra fazer,sabia que tinha que ser feito e tempo a gente sempre arranja. Afinal, 00h até as 6h ainda tem luz elétrica, dá pra terminar o trabalho até a primeira aula das 7h30 da manhã e imprimir em modo econômico, com as letras azuis, porque você esqueceu que não tinha mais tinta preta na impressora,né?... Ou para os mais desafortunados e desprovidos de multifuncionais (como eu), passar tudo a mão na folha de almaço e embromar uns desenhinhos pelos cantos, ou cortar sua National Geographic da época que você adorava dinossauros, e colar umas fotos com cola bastão pra deixar tudo mais bonito. Você estuda, mas aquilo que você tem mais dificuldade começa a te atormentar, e você começa adescobrir o que você não quer passar o resto dos seus dias fazendo. Vida social ainda é shopping-cinema-pracinha-e...
Eis que surge o tão temível, adorado e respeitado 3º ano! Você entra nele se sentindo o fodão. Nossa, agora vai, agora eu sou grande, agora eu vou estudar direito, como nunca, e passar na porra do vestibular! (como já dizia nosso sábio Renato Russo) No começo você fica empolgadão, animado com todas as perspectivas de um futuro melhor pra humanidade com você fazendo medicina (contanto que você tenha estudado, de fato, durante os outros anos da sua vida desde o prézinho..a tia não gostou que você pintou pra fora da centopéia? É,já não era pra você fazer medicina desde então...) ou consertando uma sonda pousada em Marte, do conforto de sua sala de comando. Depois de 1 mês de aula, você se pergunta "mas eu já não vi isso ano passado?". E é,você viu,e no ano retrasado também,muito provavelmente. Eu que mudei de escola do 1º para o 2º ano, senti bem como foi essa experiência dejavílica. E você só passa o ano inteiro "já vendo isso". No final do primeiro semestre, você já tá tão estressado que só quer que deem a porra da prova pra você fazer logo, eu já sei do ar rarefeito das grandes altitudes, posso ir pra casa? É,mas ainda tem todo o semestre pra frente, querida(o)... O ritmo das matérias se torna uma corrida tão alucinante quanto aquelas que você jogava dentro da sua ferrari vermelha no Need for Speed. Tentando acompanhar,você acaba percebendo que tem cosias que simplesmente você não consegue fazer, e são essas que definem com certeza aquilo que você não quer ser. Se no final do segundo semestre tem algo que você não entendeu ainda (no meu caso, física,química e matemática), não vai ser agora que você vai entender. Hora de aprender a se desligar das coisas supérfulas, yeah, relaxe! Sempre tem o ano que vem...Se não tem, então vá nas revisões. Sempre tem umas coisinhas que os professores falam e que te salvam numa ou outra questão. Chega o dia da prova, porra, vestibular, que medo, nossa, to nervosa, vou pirar! Não...você pode ajudar os outros a pirarem, mas você, não pire. Você pode estar explodindo por dentro, mas tudo que os outros podem ver é sua confiança. Toque o terror e seja feliz, se zerar tudo, sempre tem o ano que ve...Em suma,seu terceiro ano é a exclusão de uma vida social mais saudável pra você passar mais tempo se preocupando com o dia do vestibular,ao invés de,realmente, estudar. Às vezes você bebe nos churrascos, porque teoricamente você "pode mais do que podia antes". E não, nada de incrível acontece nas aulas do 3º ano. Pois é, acho que te enganaram lá no primeiro aninho...
Aí você fica na maior angústia do mundo até saber os resultados das provas de vocês-sabem-o-que. E você passa. Cara,você passou. Cara, acabou aquela vida escolar! Uma nova vai começar, e aqui estou eu, na minha calourice contando como foi um poquinho da minha experiência ensino medística. Para aqueles que não passaram ainda, ou ainda estão no começo desse caminho, tenham fé, façam o que dá, e confiem em vocês. Muita sorte, e é a hora quando for a hora. E a de todo mundo chega.
E que venha a tinta! (e a farinha, e os ovos, e tudo mais...)